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O Instituto dos Pretos Novos e os Objetos da Escravidão

A riqueza histórica, cultural e arqueológica do complexo do Valongo continua a dar o tom de nossas conversas, nesse período de muitos turistas no Rio. O Instituto dos Pretos Novos – um dos mais importantes lugares de memória que compõe o conjunto histórico da região portuária – e sua programação cultural – são o tema da nossa conversa no post da semana. Divulgamos aqui a programação do espaço, na próxima quarta, 25 de junho, com a participação da arqueóloga Camilla Agostini e o lançamento do livro Objetos da Escravidão – abordagens sobre a cultura material da escravidão e seu legado.  O livro traz uma rica discussão entre historiadores e antropólogos. Tudo a ver com o local.

Os africanos recém-chegados no Valongo (os chamados pretos novos), quando não conseguiam resistir aos sofrimentos da viagem, tinham como destino final uma vala comum onde seus corpos eram depositados e incinerados. Os vestígios arqueológicos do Cemitério dos Pretos Novos foram descobertos nos anos 90 por Merced e Petroccio, durante uma obra de reforma em sua casa na Rua Pedro Ernesto. Durante alguns anos lutaram praticamente sozinhos pelo reconhecimento da importância histórica e arqueológica da descoberta, e criaram no local o Memorial dos Pretos Novos. As pesquisas arqueológicas desenvolvidas no local comprovaram a predominância, entre os escravizados recém chegados no Valongo, de mulheres e homens muito jovens, em sua maioria oriundos da África Central, das regiões de língua bantu.

Hoje amplamente reconhecido por sua importância histórica e arqueológica, o Instituto se organiza como local de memória, mas também como Centro Cultural. Organiza visitas guiadas pela região com o historiador Claudio Honorato, autor de um dos principais trabalhos sobre o mercado de escravos do Valongo, e mantém uma agenda cultural diferenciada e criativa. Dia 25 tem palestra, exposição, música, gastronomia. Um dia inteiro de atividades culturais.

 #ficaadica.

pretos novos

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por | junho 22, 2014 · 16:19

Sob as pedras do Cais: Tragédia e Milagre

Nem só de futebol vive o Rio. A palestra de Hebe, no próximo sábado, na roda dos saberes do Projeto O Porto Importa, revisitará a complementariedade entre os pontos de vista de Martha e Hebe, no debate na UFF sobre o filme 12 anos de escravidão, apresentada no último post. E também alguns dos temas abordados no texto Memória e Cidadania no Complexo do Valongo.

O Cais do Valongo, onde chegavam os sobreviventes da travessia forçada do Atlântico para serem escravizados no Brasil, e o cemitério dos Pretos Novos, onde os que morriam na chegada conheciam sua última morada,  locais alternativos para a palestra (em caso de sol ou chuva) memorializam a tragédia da escravidão atlântica – que não pode ser esquecida. Mas estes lugares de memória celebram igualmente o milagre da emergência da cultura negra no Atlântico, e no Rio em especial, que tem, na região portuária, um lugar de referência e, na roda de capoeira do Valongo, um momento de celebraçao mais que especial. Sob as pedras do cais estão presentes também a memória da antiga “Pequena África” no início do século XX, do nascimento do samba, das mais antigas casas religiosas de matriz africana da cidade. A roda de capoeira do Valongo celebra a cada terceiro sábado do mês esta rica herança cultural. Quem quiser saber mais, é só aparecer por lá.

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por | junho 15, 2014 · 19:09