“Das Cores do Silêncio nasceu tese de doutorado, defendida em 10 de setembro de 1993, com o título A Cor Inexistente, que também dava nome ao quarto capítulo da tese e do livro. Problematizar a ausência de informação sobre a cor da população livre na documentação cartorária e judicial do Brasil oitocentista tinha se tornado a pedra de toque para a principal inovação empírica do trabalho e por isso lhe dava o título.
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Inscrevi o manuscrito da tese na segunda edição do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa no mesmo ano, acho que já então com o título modificado. Não me lembro mais quando decidi a mudança do título – se quando enviei o manuscrito para o concurso ou depois que tive a notícia do primeiro lugar e a certeza da publicação. De todo modo, é certo que devo a minha colega Martha Abreu, a observação de que a cor estava ausente das fontes, mas não deixava de existir e que o adjetivo inexistente do título poderia levar a uma leitura enviezada do texto, em relação à minha intenção interpretativa. Era a existência das cores na sociedade do Brasil oitocentista, apesar da sua invisibilidade nas fontes, que eu queria enfatizar. Foi assim que cheguei ao Das Cores do Silêncio.” (Mattos, Hebe. “Posfacio” In: Das Cores do Silêncio, Editora da UNICAMP, 2014, p. 366)
Nossas conversas começaram há muito tempo nos corredores da UFF. Serão a base para tentarmos ocupar este espaço semanalmente com dicas de livros e sites e, sempre que pertinente, com um artigo mais encorpado. A dica da semana é um pouco óbvia, a nova edição do livro de Hebe, que teve lançamento esta semana na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro.
Hebe e Marta são o máximo! Minha admiração sincera. Beijos para as duas. Andrea Telo
Muito bacana, grande livro! Além de ter produzido uma história social inovadora, com variação de escalas e integração substantiva entre micro e macro história, a Hebe soube como ninguém mostrar como a complexa relação entre a escravidão e a racialização das hierarquias sociais formou o Brasil. Imperdível!