Bela nova caminhada amiga
Martha Abreu
Dia 8 de outubro foi dia de seu aniversário e de comemorações pela sua entrada na Universidade Federal de Juiz de Fora, como professora titular. Novos desafios e conquistas esperam minha grande parceira. Seu brilho acadêmico, coragem intelectual, poder de argumentação e sensibilidade de análise para as mais diferentes situações, em breve, irão contagiar muita gente.
Conheci Hebe quando éramos muito jovens e entrávamos no mestrado em 1981! Os sonhos eram vários e os projetos para mudarmos o mundo – e se possível a historiografia – bastante fortes também. Logo passei a admirar aquela jovem brilhante, que lia muito mais rápido do que eu e que tinha sacadas impressionantes. Além de tudo, conseguia conciliar a maternidade com a produção acadêmica. Hebe mostrou a todos que era possível ser mulher, mãe, intelectual e professora reconhecida. Tudo ao mesmo tempo!
Por essa época fizemos alguns trabalhos juntos e estudamos para um concurso que nenhuma das duas foi bem sucedida. Nada poderia prever a qualidade e a força de uma parceria que aconteceria algum tempo depois. Em meio a constantes conversas pelos corredores da UFF, depois que me tornei professora da UFF, em 1991, o jongo de São José da Serra e os debates em torno da Lei 10.639 iriam nos unir de vez através de nossos interesses sobre escravidão/abolição e cultura negra.
No momento quero agradecer por todas as nossas parcerias e cumplicidades. E, mais ainda, desejar muitas alegrias, afetos e realizações nesse novo momento de sua vida. Mesmo com diferentes endereços institucionais, estaremos juntas, sempre. Bela nova caminhada amiga!

Hebe Mattos, Martha Abreu e Robert Slenes com Marilda de Souza, liderança do Quilombo do Bracuí. Angra dos Reis, 2005.
Tudo novo, de novo
Mônica Lima
Conheci Hebe Mattos logo depois que ela defendeu sua linda tese de doutorado, que se transformou no livro Das Cores do Silêncio, leitura necessária pra’ se entender o Brasil do século XIX e de hoje. Para os estudos sobre a escravidão, nem precisa dizer, é um clássico. Desse momento em diante passei a acompanhar sua produção acadêmica, incluindo os lançamentos dos filmes do projeto Passado Presentes e diversas outras atividades. Sempre me encantava e me surpreendia seu entusiasmo em cada novo projeto – e sempre havia novidades! No diálogo com as áfricas das minhas pesquisas, encontrava pontes de contato e referências nos seus trabalhos.
No doutorado na UFF foi minha orientadora e me lembro bem que saía das reuniões com ela levando ideias novas sobre o que estava escrevendo e uma sensação muito boa de que tudo aquilo iria dar certo. Para um pós-graduando há poucas coisas tão fundamentais como a produção dessa autoconfiança. No decorrer da minha vida profissional após o doutorado, tivemos a chance de fazer outras coisas juntas. E todas as vezes essas situações de trabalho vinham trazendo um mundo de possibilidades novas para olhar e pensar o que eu estava fazendo com minhas aulas e minhas pesquisas de História. Fora isso, sua atitude militante como historiadora me enche de coragem pra fazer o mesmo na luta contra o racismo e pelos espaços negros na universidade.
Mas, o assunto aqui não sou eu. É ela.
Hebe Mattos, depois de uma vida – ou várias – na Universidade Federal Fluminense, vai para outra universidade, em outra cidade, outro estado. Tudo novo, de novo. Estou celebrando por ela e por todos os estudantes e colegas que irão tê-la como professora na Universidade Federal de Juiz de Fora. Celebro também por que já imagino que ela vai continuar criando projetos, inventando coisas novas e iluminando vários caminhos a partir desse novo lugar. O que ela está trazendo com o tema passados sensíveis é um novo campo dos estudos sobre a história de africanos e seus descendentes e sobre o Brasil. Que venha, Hebe. Parabéns muitas vezes, e que a ousadia e o brilhantismo de sua trajetória como historiadora sigam nos inspirando.
Felizardos os alunos da UFJF
Keila Grinberg
Quando defendi minha tese de doutorado, a primeira orientada pela Hebe (há controvérsias, mas desse título não abro mão!), escrevi que era fácil reconhecer seu dedo em várias partes do texto e na própria forma de conceber a questão que o motivou. Hebe me presenteou com a trajetória de Antonio Pereira Rebouças, dividindo comigo um tema de estudo que seria e ainda é seu.
Este não seria o primeiro presente da Hebe para mim. Anos antes, ela havia dividido comigo a pesquisa sobre as ações de liberdade no Arquivo Nacional – que eu só “descobri” porque ela havia me dito onde estavam. E agora, passados tantos anos, ao achar que estava definindo um tema novo, lá estavam as questões sobre as quais ela já me havia chamado a atenção. Seu dedo continua lá.
Ainda hoje não dou um passo acadêmico — dizendo melhor, acho que não dou um passo — sem me consultar com a minha para-sempre-orientadora. Tive a maior sorte de ter a Hebe como professora na graduação e na pós-graduação da UFF. Felizardos os alunos da UFJF!
Caminhos abertos!
Ana Flavia Magalhães Pinto
Uma historiadora da escravidão no Brasil compromissada em dialogar com as questões e as pessoas do tempo presente. Essa foi a imagem que formulei a respeito de Hebe Mattos desde as primeiras leituras que fiz de seus textos lá pelo ano de 1998. Ainda estudante de jornalismo, minha expectativa era permanecer atenta à produção daquela professora e trabalhar para que um dia ela figurasse no meu caderninho de fontes que me permitiriam falar com propriedade sobre experiências da população negra e o problema do racismo na sociedade brasileira, argumentar sobre a legitimidade das ações afirmativas, etc.
Acontece que a influência do pensamento e da postura de Hebe Mattos acabou sendo decisiva para que a produção historiográfica se tornasse bem mais que um instrumento acessório do meu fazer jornalístico. Virei historiadora porque pessoas como ela despertaram em mim o fascínio pelo ofício! Foi lendo Hebe, aliás, que me dei conta da importância de se investigar os caminhos da liberdade da gente negra antes e depois da abolição. É, portanto, com muita alegria e gratidão que celebro sua vida e sua coragem para alterar rotas, modelos e práticas da pesquisa acadêmica, evidenciando a relevância do nosso trabalho na construção de uma sociedade de fato democrática!
É o poder!
Giovana Xavier
Para celebra-la em palavras lembrei-me do Programa Mulher e Ciência criado pelo CNPq em 2005. A iniciativa, que conta com uma rica base de dados, comprova que ainda que as desigualdades de gênero definam a distribuição de recursos e conhecimentos no Brasil, numericamente mulheres e homens estão em paridade como pesquisadores. Ao mesmo tempo, esse avanço não apaga o difícil desafio de ser mulher e fazer ciência em um país patriarcal e conservador como o nosso. E toda vez que vejo, leio, ouço Hebe Mattos repasso essa história e ponho-me a pensar: como nos anos 1980 uma mulher jovem, mãe, de baixa estatura ousou se aventurar pelos falocêntricos caminhos da história agrária, constituindo-se como referência com o eternamente bombástico Das cores do silêncio? Com o tempo, primeiro na condição de leitora, depois de aluna, hoje de amiga e parceira de trabalho, fui aprendendo a ver que a coragem é um traço, diga-se de passagem sempre ressignificado por Hebe, que após experiências diversificadas de ensino e pesquisa em diferentes partes do globo terrestre, se joga no desafio de voltar no tempo olhando para frente. Ela, que chegou à UFF como docente aos 25 anos, é a mais nova Professora Titular Livre de História do Brasil na Universidade Federal de Juiz de Fora. Aos 59 anos, conquistou a vaga ao estilo lacre de ser, ou seja, trazendo para o centro da discussão as relações entre história, memória da escravidão e o compromisso que nós historiadoras (es) devemos assumir com as transformações através do conhecimento científico que produzimos. Hebe querida, parabéns! Que você siga olhando o passado e mirando o futuro tal qual o pássaro do Adinkra Sankofa.
Sucesso, paz e bem!
Amigas, assim vocês me matam! Obrigada, obrigada, obrigada.
Parabéns, Hebe!!!! Muitas foram as lembranças que me vieram lendo os textos acima, mas uma é especial aqui em casa. Ainda aluna da graduação na UFF, lhe encontrei no metrô da Uruguaiana, em pleno comício do Lula. Você “despachou” sua filha e sua mãe no trem e voltou comigo para o comício. No meio da multidão encontramos com o Josemir, que, pensando ser você minha colega de universidade, se ofereceu para coloca-la em cima de uma Kombi. kkkkkk Até hoje lembramos disso por aqui… Como ele ousava propor isso à profa. Hebe, que já era aquela altura alvo de grande admiração!! Muito bom saber que você está vindo para Minas. Estará mais perto de São João…. Bjs e felicidade
Também sempre me lembro de você e do Josemir naquele comício, com Lula na cabeça e Brizola no coração! Vai ser muito bom estar mais perto de São João, beijos Silvia!
Linda homenagem. O caminho novo será uma festa. Sucesso, Hebe.
Obrigada Luciano, bjs!
Parabéns Hebe. Sempre admirei muito seu trabalho e sua garra. Tudo de bom na nova etapa de trabalho. Um abraço daqui da Provence, Tania d’Almeida Gandon
Obrigada Tania, bjs,
Linda homenagem! Que os caminhos sigam abertos pra você, Hebe, ou melhor, que VOCÊ contiue abrindo caminhos para tantas e tantos (eu ia dizer para toda a torcida do Flamengo!). Um beijo e um queijo. Viva Minas Gerais que ganhou um presentão!
Querida Camilla, obrigada mais uma vez.
Parabéns, Hebe! Homenagem mais que merecida por tantos anos de dedicação ao ensino e à pesquisa pública de qualidade e na defesa da universidade pública e por ter contribuído para formação de tanta gente e que agora continuará na UFJF. Estaremos mais próximos para continuar o nosso diálogo com a UFSJ. Um grande abraço
Marcos Andrade
Obrigada Marcos!
Caros e caras colegas. Nós aqui da UFJF, alunos e colegas de departamento, estamos muito felizes com a opção de Hebe Mattos pela nossa universidade! Como não existem limites para o trabalho acadêmico em rede e para o carinho compartilhado, continuamos juntos usufruindo da rara inteligência e sensibilidade dela! Saudações a todos e todas!
Querida Mônica, muito obrigada!