Ana Flavia Magalhães Pinto
“Companheira me ajude / Que eu não posso andar só / Eu sozinha ando bem / Mas com você ando melhor!”
Quando a pandemia de Covid-19 ocupou o horizonte, instituindo a necessidade do isolamento social logo após o carnaval de 2020, parecia que esses versos cantados e praticados em plena rua e com tanto gosto teriam que ser recolhidos ao silêncio. Os planos traçados nas festas de fim de ano ficaram em suspenso, e o medo da estagnação passou a desafiar a certeza de que outros projetos tão dignos se fariam possíveis. Mas, novamente e sem abrir mão de princípios inegociáveis, muitas de nós inventamos meios de manter acesa a chama do trabalho coletivo e das lutas por justiça e liberdade. Como professoras de universidades federais, comprometidas com o ensino, a pesquisa e a extensão e com a própria defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, a realização do curso “Emancipações e Pós-Abolição: por uma outra história do Brasil”, a partir do chamado da Keila Grinberg, certamente nos é motivo de muito orgulho. As tardes de quarta-feira dos meses de agosto e setembro ficarão na memória como belas demonstrações da força de nós mulheres historiadoras e da legitimidade do nosso trabalho! Ciente dos perversos interesses a mobilizar elogios fáceis ao ensino à distância no Brasil, eu saio dessa experiência com a certeza de que ela só foi possível graças aos anos de investimento em vivências presenciais de pesquisa, trocas de conhecimento, deslocamentos geográficos e contatos diretos com muitas/os outras/os historiadoras/es que têm promovido uma reescrita bem mais justa da história deste país! Parafraseando o presidente Lula, ex-operário que adquiriu o gosto pela leitura de textos historiográficos: “Que ninguém, nunca mais, ouse duvidar da capacidade de luta de uma Conversa de Historiadoras!”. Já sobre a palavra de ordem “A luta continua!”, a gente aproveita para lembrar que a inspiração vem de lutadores da Frente de Libertação de Moçambique na década de 1970!
Giovana Xavier
Historiadoras que ventam novas histórias
O curso Emancipações e Pós-Abolição: por uma outra história do Brasil entrou para a história renovando ares e energias através de abordagens historiográficas instigantes e plurais conduzidas por oito historiadoras, diversas entre si e conectadas pelo compromisso com a escrita de novas histórias. Aprendi bastante em todas as aulas, sentindo-me super feliz de interagir com um público topzeira, composto por pessoas amorosas, empolgadas e mega comprometidas com a democratização do ensino e da pesquisa histórica no Brasil. A aula que ministrei “Intelectuais Negras: história do pós-abolição no tempo presente” é um momento que ficará para sempre no melhor lugar do meu coração. Foi emocionante compartilhar resultados de uma produção científica ligada ao reconhecimento das mulheres negras como protagonistas da história do Brasil. Um movimento, como vimos ainda raro, e que reafirma meu compromisso político de articular teoria e prática, priorizando os saberes das classes trabalhadoras e os diálogos extra-muro universitários. Tudo isso, não por acaso, às quartas-feiras, dia regido por Iansã, a yabá que divide com Xangô o segredo do fogo e espalha os ventos da mudança. Obrigada Meninas! Obrigada gente pela participação e por tantas mensagens de apoio e carinho. Axé!
Hebe Mattos
Quando criamos este Blog no carnaval de 2014, eu e Martha Abreu, escrevemos que, “como historiadoras, pensamos ser importante participar hoje do debate sobre os significados do passado escravista para o país e sobre o papel de nossa própria disciplina para a implantação de políticas públicas de combate ao racismo, nos campos educacional e cultural.” Na época, não imaginamos porém que o Blog teria vida tão longa, que nossas conversas se renovariam e diversificariam com a entrada do colegas mais jovens e absolutamente brilhantes, e que nossos sonhos de atingirmos públicos mais amplos se realizariam com a amplitude e força desse trabalho conjunto, com mais de 1600 alunos regulares com direito a certificado, como aconteceu neste curso de extensão, proposto por Keila Grinberg e a UNIRIO e que ganhou o título Emancipações e Pós-abolição: por uma outra história do Brasil. Com ele, a profundidade da conversa no Blog, bem como seu público, atingiram um novo patamar. Ainda que o argumento central de cada uma das sessões, como nós as imaginamos, nos permitisse esperar um certo grau de coesão, o nível de diálogo, encantamento e integração do curso surpreendeu a todas. A sequência das aulas parecia coreografada. Não havia obrigatoriedade de estarmos juntas todas, todos os dias, mas ninguém arredou pé. Cada uma dava aula para as outras, cada aula nos desafiava a ir além. Quase uma roda de jongo em que o verso se fez história. Ubuntu, sigamos juntas.
Martha Abreu
Recebi algumas mensagens de alunos e orientandos de nosso grupo de pesquisa que demonstram, de forma efetiva e afetiva, alguns resultados: “Assisti todas as oito aulas, me emocionei com todas elas e me sinto transformado e empoderado, muito obrigado de coração!; “Obrigado todos os professores, foi um curso potente e transformador”; “Parabéns a todos os envolvidos no curso, foi de fato incrível com tantas aulas maravilhosas”; “As aulas deram o gás que a gente estava precisando nesses tempos tenebrosos. Foram realmente emocionantes”.
Emancipações e Pós-Abolição: Por uma outra História do Brasil (1808-2020) foi um curso que impactou todos nós. De início não tínhamos muita ideia do tamanho da plateia, nem do potencial de transformação que o curso poderia alcançar ao trazer outros temas, enfoques e perspectivas da história do Brasil a partir do protagonismo negro nas lutas pela liberdade e cidadania.
Pessoalmente, o curso chegou num momento muito difícil de minha vida, mas me propiciou enorme aprendizado e reflexão sobre a importância da história e do ofício do historiador. Era só um dia na semana, mas uma hora marcada para novos encontros, outras lutas e renovados sentidos da vida. Obrigada parceiras do blog e do curso! Obrigada Unirio!
Mônica Lima
A força desse encontro
Desde o dia 05 de agosto de 2020, durante oito semanas, todas as quartas-feiras, um pouco antes das cinco da tarde, passei a me encontrar com um grupo de historiadoras brasileiras das mais incríveis para me preparar para uma aula sobre história do Brasil, tendo como foco central a população negra e africana em suas lutas por liberdade e direitos, antes e depois da abolição. Poderia ser mais um encontro acadêmico num curso de extensão bacana, se não fossem elas e tudo o que havia para aprender e refletir a partir do que disseram, e se não houvesse um público interessado, entusiasmado e inteligente interagindo o tempo todo conosco. A cada aula, novas histórias e olhares sobre o que se sabia, sempre buscando a delicadeza e a inteireza, por estarmos lidando com temas sensíveis e com histórias longamente silenciadas. E era uma alegria só aprender, compartilhar conhecimento e perceber que tudo o que estudamos e pesquisamos faz muito mais sentido quando apresentado e dialogado com as pessoas, e sobretudo com um público genuinamente interessado. Havia muitos professores, o que dá a nítida sensação de que tudo isso poderá se multiplicar lindamente em aulas, estudos, propostas didáticas – e chegar a ainda mais pessoas. Nesse tempo tão cinzento de desesperança, o curso Emancipações e pós-abolição: por uma outra história do Brasil (1808-1820) me permitiu pensar em dias mais luminosos, em noites de festa, na força que temos e na herança de luta que nos legaram. Só agradeço.
Ynaê Lopes dos Santos
” Existe um ditado africano que diz “a união do rebanho obriga o leão a ir deitar-se com fome”. Tais palavras demonstram a força do trabalho em conjunto, o poder do coletivo. E foi essa a força que experimentei no curso Emancipações e Pós Abolição: por uma outra história do Brasil (1808-2020). Durante 8 aulas, muito bem acompanhada por 7 colegas/referências e por mais de 1600 estudantes, me vi ora no lugar de professora, ora no lugar de aluna, girando essa roda poderosa que é ensinar-e-aprender. Falamos juntas, pensamos diferentes, perguntamos nossas angústias e pudemos experimentar o fazer história a partir de um novo lugar. Uma vivência e tanto, que agradeço e já vejo se perpetuar.”
Keila Grinberg
‘Não há mal que sempre perdure, não há bem que nunca se acabe’. Fiquei com este ditado na cabeça ao pensar sobre este curso incrível, ministrado em conjunto e transmitido ao vivo por oito professoras-historiadoras. Não há bem que nunca se acabe, e foi com tristeza que nossas aulas chegaram ao fim. Juntas, nós refletimos sobre uma outra historia do Brasil. À interpretação colonial, patriarcal e branca que ainda impera em tantas narrativas tradicionais, nós propusemos uma versão que não negasse a tragédia da escravidão na historia do Brasil, mas que também reconhecesse a centralidade da cultura negra e da luta antirracista na construção de uma sociedade de fato justa e democrática. Nestes tempos difíceis, este futuro pode parecer tão distante, e às vezes até inalcançável, mas é nestas horas que é importante lembrar: não há mal que sempre perdure, e este também vai passar. Muito, muito obrigada a todos que embarcaram nesta viagem conosco. Seguimos juntas.

Foi demais!
Obrigada pela inspiração, pelo conhecimento e pela possibilidade de enxergamos a história de maneira mais completa, mais humana.
Grata pelo conhecimento proporcionado em suas aulas. Muita inspiração pelas lindas trajetórias de vocês.
Gostaria de saber a respeito dos certificados.
Um curso maravilhoso que só nos acrescentou conhecimentos. Esperando pelo próximo,Bjs
Queridas o curso foi sensacional , que alegria poder ouvir mulheres tão poderosas …obrigada
Gostaria de saber se já foram enviados os certificados ?
Abraços e beijos carinhosos
Ana
Ola Ana, muito obrigada. Os certificados serão enviados em breve pelo departamento de extensão da Unirio. Abraços, Keila
Olá, sou a Luana Beatriz, mestre em história, gostaria de saber a respeito do certificado do curso. Participei de todas as aulas online e não recebi o certificado.
O curso foi incrível! Aprendi muito e com certeza utilizarei os conhecimentos obtidos, reflexões e afins. Foi uma verdadeira inspiração! Gratidão por compartilharem tanto conosco!!
Ah, e gostaria também de saber sobre o(s) certificado(s), se já ocorreu o envio etc. (Mais por questões/problemas do meu próprio e-mail).
Abraços!!
Os certificados irão por email!
Olá, bom dia.
Gostaria de perguntar, novamente, sobre os certificados. No caso, se o envio já foi feito. Caso sim, haveria a possibilidade de fazer o reenvio deste?
Desejo a todas um feliz 2021 e que venham mais cursos maravilhosos como estes!
Obrigada desde já!
Olá, professoras! Gostaria de agradecer pelo incrível curso! Muito feliz de ter participado. Queria tirar uma dúvida, na aula da professora Wlamyra Albuquerque, ela utiliza a noção de experiência/identidade/vivência no singular para dizer que a jornada de cada pessoa negra é singular. Gostaria de saber se esta ideia está apresentada em algum dos livros da professora ou em algum artigo? Muito obrigada,