Foi emocionante a aula de Ana Flávia Magalhães Pinto sobre liberdade negra e abolicionismos. Trouxe-nos personagens e encontros inesquecíveis que podem ser visitados também aqui no Blog. O link para a íntegra da aula e a bibliografia sugerida estão no final desta postagem.
A próxima aula, “Racialização e cidadania negra”, dá continuidade ao enredo, sob a batuta de Wlamyra Albuquerque. Nas palavras da professora da UFBA:
“A abolição da escravidão foi um dos episódios mais importantes da história do Brasil. Em 1888, vinha abaixo a instituição que sustentava o Brasil, desde os tempos coloniais. O 13 de maio de 1888 foi o resultado de uma série de circunstâncias dadas por cenários internacionais e, principalmente, por longos embates nacionais que envolveram políticos dos várias matizes ideológicas, abolicionistas, escravizados, libertos e negros nascidos livres e, sobretudo, o Estado imperial. Na década de 1880, enquanto a escravidão desmoronava ganhava espaço a disputa entre projetos nacionais, nos quais, os limites e possibilidades de liberdade e cidadania para a população negra estavam no centro da pauta política. Neste ambiente tão acirrado e decisivo para os rumos do país, pertencimentos raciais passaram a ser demarcados como fundamentais para limitar direitos destinados à população negra que, desde a década de 1870, já era majoritariamente livre ou liberta. À medida que a abolição se mostrava irremediável, apesar dos esforços de escravistas mais convictos para mantê-la, se fazia evidente a forte racialização que buscava subalternizar e/ou desqualificar aqueles que passaram a ser denominados como “raça emancipada”. Analisar o quanto esse processo de racialização está vinculado às tentativas de limitação de direitos à população negra e de reiteração de hierarquias raciais na sociedade brasileira no tempo da abolição será o principal objetivo da aula.”


Por fim, não percam, daqui a pouco e logo depois com o vídeo acessível também aqui no blog, a quarentena com a Escola de História da UNRIO desta segunda, com Mariana Muaze revisitando a histórica vulnerabilidade social do trabalho doméstico no Brasil.

A AULA 4 ESTÁ NO BLOG
ANA FLÁVIA MAGALHÃES PINTO
FONTES
Hemeroteca Digital Brasileira – Biblioteca Nacional: https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
O Mulato ou O Homem de Cor. Rio de Janeiro, 1833
O Homem: Realidade Constitucional ou Dissolução Social. Recife, 1876
O Exemplo. Porto Alegre, 1893, 1894
A Pátria. São Paulo, 1889 e 1890.
Gazeta da Tarde. Rio de Janeiro, 1880…
Cidade do Rio. Rio de Janeiro, 1880…
Negritos
Jornegro, n. 2, 1978.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Elciene. Orfeu de carapinha: a trajetória de Luiz Gama na imperial cidade de São Paulo. Campinas: Editora da UNICAMP, 1999.
CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese de doutorado em Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.
CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: Uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CRUZ, Itan.
EISEMBERG, Peter L. Homens esquecidos: escravos e trabalhadores livres no Brasil – século XVIII e XIX. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1989.
FARIA, Juliana et alii. Cidades Negras: Africanos, crioulos e espaços urbanos no Brasil escravista, século XIX. Rio de Janeiro: Editora Alameda, 2006.
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. 4.ed. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1997.
GOMES, Flávio e CUNHA, Olívia. Quase-cidadão: histórias e antropologias da pos-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
GOMES, Flávio. Negros e Política: (1888-1937). Rio de Janeiro: Zarah, 2005.
GRINBERG, Keila. O fiador dos brasileiros: cidadania, escravidão e direito civil no tempo de Antonio Preira Rebouças. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
LIMA, Ana Paula Oliveira. Imprensa abolicionista e resistência negra em Goiás no século XIX. Monografia de Graduação. Goiânia: IFG, 2019.
MATTOS, Hebe Maria. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. Rio de Janeiro: Zarah, 2000.
NASCIMENTO, Beatriz. Beatriz Nascimento: intelectual e quilombola – Possibilidade nos dias de destruição. São Paulo: União dos Coletivos Pan-Africanistas (UCPA), 2018.
PINTO, Ana Flávia Magalhães. Escritos de Liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.
PINTO, Ana Flávia Magalhães. Imprensa negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro, 2010.
PINTO, Ana Flávia Magalhães. Vicente de Souza:intersecções e confluências na trajetória de um abolicionista, republicano e socialista negro brasileiro. Estudos Históricos, v. 32, n. 66, jan.-abr., 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s2178-149420190001000013.