Pinheiral, Cidade do Jongo

Etapa cumprida. No domingo 26 de julho, dia estadual do Jongo, foram inaugurados o primeiro roteiro, com sua sinalização, e a primeira das exposições memoriais do projeto Passsados Presentes, juntamente com o Parque das Ruínas da Fazenda São José do Pinheiro, na cidade de Pinheiral, Estado do Rio de Janeiro. Nossas orações à Santana e aos Pretos Velhos foram atendidas. Imagens e textos idealizados dentro de um computador materializaram-se nas placas de sinalização e nos grandes painéis da exposição. Ruinas cobertas de vegetação foram limpas e iluminadas pela Prefeitura da cidade para receber o Memorial, dando origem a um belo parque, onde pode ser visto, feito de pau a pique, madeira, história, memória e arte, o primeiro memorial Passados Presentes.

Como no jongo cantado por Mestre Cabiúna, que pode ser ouvido no audio da exposição, esse projeto “vem de longe, caminhando devagar”, em mais de vinte anos de pesquisa sobre a escravidão e o pós-abolição no Rio de Janeiro. Com textos e coordenação geral das historiadoras desse blog, juntamente com Keila Grinberg, a equipe do projeto se organiza a partir de um tripé de iniciativas: a pesquisa de campo, coordenada por Daniela Yabeta, com o apoio de Guilherme Hoffmann para o registro audiovisual, realizada ao longo de dois anos e inúmeras viagens, em estreito diálogo com a curadoria das três comunidades (Maria de Fátima Santos, Antônio Nascimento Fernandes e Marilda Souza); o desenvolvimento tecnológico para o banco de dados e o app de turismo de memória, em fase de implementacão, sob coordenação de Ruben Zonenschein; e a concepção artística e de design das exposições, sinalizações e app, sob direcão geral de André de Castro.

Após intenso trabalho da equipe de design, foi com emoção que vimos os arquivos das placas e painéis serem enviados para impressão. Com os textos e as narrativas finalizados, o braço de arte e design do projeto comandou os trabalhos, para que a festa de domingo fosse possível. André passou a semana na cidade, com uma super equipe, parcialmente formada por artesãos jongueiros e quilombolas, para fazer a sinalização do roteiro e erguer a primeira exposição. Publicamos aqui sua fala de apresentação na inauguração do Memorial e fazemos, em seguida, uma pequena reportagem visual do resultado.

Boa noite, quero aproveitar essa oportunidade para agradecer e ressaltar a felicidade que é participar desse projeto. Vou tentar também explicar rapidamente a sua estrutura visual. Em termos visuais, Passados Presentes pode ser dividido em três pilares: a exposição, o design e a parte artística.  

Em termos d​o projeto expográfico, o conceito é ​a roda de Jongo, que preserva a memória e a história. Quero agradecer a colaboração de Jorge Estevão, Antônio de Padua Estevão, Sebastião Seabra e Carlos Alberto, do Quilombo São José, que junto com Walmir​ de Souza Francisco​, do Quilombo do Bracuí, ajudaram a definir e levantar a estrutura de pau-a-pique, bambu e cipó, base do Memorial. ​Agradeço também as equipes de montagem de André Salles e Carlos Alberto Ribeiro Andrade, que vieram do Rio de Janeiro para cuidar do acabamento e do caráter permanente da exposição. No Quilombo São José, agradeço também à D. Joana D’Arc, que bordou os títulos dos painéis expositivos. Agradeço ainda, especialmente, a Isabel Pacheco, produtora que esteve presente todo o tempo, e foi o braço direito dos trabalhos. E claro, a todos os participantes do Jongo de Pinheiral, por sua hospitalidade e suporte durante a semana de montagem.

Em termos de design, gostaria de agradecer a equipe que me ajudou a definir as placas, a sinalização, o design do app e das peças gráficas, especialmente a Julia Haiad, designer dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016,​​ que trabalhou ilustrando o mapa e ​todo​ sistema de ícones ​e submarcas​ do projeto, além dos designers João Roma e Vitor Lifsitch, que trabalham com a gente.

Por fim, a parte artística, que permite a visualização do conceito da roda de jongo, possui uma linguagem visual mais pessoal. A base das serigrafias foram as fotos realizadas pelo Guilherme Hoffmann com os jongueiros de Pinheiral. O resultado, com uma linguagem menos figurativa e mais gestual, representa não só a individualidade dos jongueiros retratados, mas a energia e o movimento do jongo. Simboliza não só Pinheiral, mas também toda comunidade jongueira. Eu espero que vocês gostem.

Para compartilhar fotos, a hashtag do projeto é #passadospresentes. Obrigado!

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3 Comentários

Arquivado em cultura negra, história e memória, história pública

3 Respostas para “Pinheiral, Cidade do Jongo

  1. Pingback: Memorial Passados Presentes no Quilombo São José | conversa de historiadoras

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  3. Sandra Rosângela Laureano Guedes

    Como surgiu os sobrenomes Laureano dos escravos alforriados que ficaram em pinheiral RJ e como achar os descendentes deles É também se todos os Laureano são uma única geração…inclusive os que ficaram em Valença são descendentes dos libertos em pinheiral que fazia parte do jongo tia Dora do jongo…

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