Semana passada não teve blog. Estávamos em campo, numa visita intensa e rica como sempre ao Quilombo de São josé da Serra, ao Centro de Referência do Jongo de Pinheiral e ao Quilombo do Bracuí. Foi mais uma viagem de trabalho do projeto Passados Presentes que, com apoio do Edital Petrobras de Patrimônio Imaterial e em parceria com as comunidades, irá sinalizar lugares de memória e erguer monumentos memoriais em cada uma das localidades. No final do texto, uma pequena reportagem visual da nossa visita. A iniciativa busca honrar as vítimas da tragédia da escravização e celebrar o milagre do patrimônio cultural construído em terras brasileiras pela última geração de africanos escravizados aqui chegada.
Começamos pelo Quilombo São José e ali a visita teve um sabor especial. A primeira visita de Hebe ao Quilombo se deu em 1998, há exatos 17 anos, junto ao ITERJ e a Fundação Palmares, para fazer a pesquisa que embasou o relatório de reconhecimento do Quilombo, redigido naquele ano. Anos mais tarde e muitas visitas depois, a emoção foi grande quando a caminho do Quilombo para as filmagens do filme Jongos, Calangos e Folias, já em conjunto com Martha, vimos pela primeira vez, na estrada, uma sinalização oficial de local de interesse histórico – com a indicação Quilombo São José. Parecia que a titulação estava finalmente próxima. Ledo engano.
Foram precisos mais de 7 anos, como em uma promessa de Folia de Reis, para que o Quilombo entrasse plenamente de posse de seu território, processo que se completou em 30 de abril de 2015, apenas 2 dias antes da nossa última visita. Difícil descrever a emoção de Hebe, ao caminhar com Antônio Nascimento Fernandes até o coração da área que permaneceu por todos estes anos proibida aos quilombolas. O filme que reproduzimos aqui, já circulou amplamente pela internet, mas ficará registrado no nosso blog, como celebração deste momento de vitória.
Fotos 1, 2 e 3 – Quilombo São José; Fotos 4, 5 e 6 – Quilombo do Bracuí; Fotos 7, 8 e 9 – Grupo de Jongo de Pinheiral.