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Por uma outra história do Brasil… a aula 5 está no Blog!

Ainda sob impacto da vibrante discussão sobre cidadania negra e republicanismo proposta por Wlamyra Albuquerque …

Aula de Wlamyra Albuquerque em 2 de setembro de 2020

… nesta semana, em que se celebra o nascimento do primeiro estado nacional brasileiro, monárquico e escravista, o nosso curso vai continuar a falar de república e pós-abolição, com o tema ‘O pós-abolição e a luta antirracista no campo cultural”, com a professora Martha Abreu.

Martha Abreu – UFF/UNIRIO

Em suas palavras:

“O fortalecimento do campo de estudos sobre o pós-abolição – que se destaca por problematizar uma  história não contada do racismo e das lutas antirracistas –   tem permitido a criação de outras narrativas sobre a história republicana, muito além da versão, ainda muito difundida,  sobre um único destino para os libertos:  “Da Senzala à Favela” a partir da experiência da marginalização. 

Este tipo de narrativa não só silencia sobre a continuidade do protagonismo dos descendentes de escravizados, como desconsidera a atuação, em termos políticos e culturais, dos descendentes de uma majoritária população negra nascida livre desde o período colonial, como temos visto neste curso.

De acordo com uma “velha” interpretação sobre a Primeira República,  o “povo” e a população negra,  sem dúvida recorrentemente excluídos das instâncias de poder e estigmatizados pelas construções racializadas sobre seus corpos e comportamentos,  teria se afastado das lutas pela cidadania, assumindo e aceitando a marginalização e as imagens inferiorizadas que lhes foram impostas. 

Nesta aula, pretendo  apresentar uma série de indicadores  de que as lutas pela cidadania não foram abandonadas –  muito menos  esquecidas no pós-abolição.  Pelo contrário, através de estudos biográficos sobre intelectuais de diversas áreas, inclusive músicos populares negros, sobre a fundação de  associações civis, políticas e culturais, sobre a organização de jornais,  mobilizações eleitorais e sindicais,  batuques e carnavais negros, uma pujante nova produção historiográfica tem reconstruído a história republicana a partir de ações e movimentos negros antirracistas e por direitos, desde o voto até a festa negra.”     

A seguir, a bibliografia da aula 5:

Racialização e Cidadania Negra

Profa. Wlamyra Albuquerque

Bibliografia

Anderson, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo, Companhia das Letras, 2008.

Albuquerque, Wlamyra. O Jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo, companhia das Letras, 2009.

Albuquerque, Wlamyra; Castilho, Lisa e Sampaio, Gabriela dos Reis (org). Barganhas e querelas da escravidão. Salvador, EDUFBa, 2014.

Azevedo, Elciene e Reis, João José (org). Escravidão e suas sombras. Salvador, EDUFBa, 2012.

Balaban, Marcelo; Lima, Ivana Stolze e Sampaio, Grabriela (org). Marcadores de Diferença: raça e racismo na história do Brasil. Salvador, EDUFBa, 2019.

Chalhoub, Sidney. Machado de Assis, historiador. São Paulo, Companhia das Letras, 2003.

Cooper, Frederick; Holt, Thomas e Scott, Rebecca. Além da escravidão – investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipações. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.

Cunha, Maria Clementina Pereira Cunha. Ecos da Folia: uma História social do carnaval carioca entre 1880 e 1920. São Paulo, Companhia das Letras, 2001.

Daibert Jr., Robert. Isabel: a “Redentora” dos escravos. Bauru, EDUSC, 2004.

Fraga Filho, Walter. Encruzilhadas da liberdade. Campinas, Editora da UNICAMP, 2006.

Gomes, Flávio e Domingues, Petrônio (org). Experiências da emancipação: biografias, instituições e movimentos sociais no pós-abolição (1890- 1980). São Paulo, Selo Negro, 2011.

Gomes, Flávio e Cunha, Olívia Maria Gomes da (org.). Quase-cidadão: histórias e antropologias do pós-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro, FGV, 2007.

Gomes, Flávio e Schwarcz (org). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo, Companhia das Letras, 2018.

Grinberg, Keila. O fiador dos brasileiros. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002.

Hébrard, Jean e Scott, Rebecca. Provas de Liberdade: uma odisseia atlântica na era da emancipação. São Paulo, Editora da UNICAMP, 2014.

Mac Cord, Marcelo; Araújo, Carlos Eduardo Moreira e Gomes, Flávio dos Santos (org). Rascunhos cativos: educação, escolas e ensino no Brasil escravista.  Rio de Janeiro, Sete Letras, 2017.

Machado, Maria Helena. O plano e o pânico: os movimentos sociais na década da abolição. São Paulo, EDUSP, 1994.

Machado, Maria Helena P. T. e Schwarcz, Lilia (org). Emancipação, inclusão e exclusão: desafios do passado e do presente. São Paulo, EDUSP, 2018. 

Machado,  Maria Helena P.T. e Castilho, Celso ( org). Tornando-se livre: agentes históricos e lutas sociais no processo da abolição. São Paulo, EDUSP, 2015.

Mattos, Hebe Maria. Das Cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1998.

Medonça. Joseli Maria Nunes. Entre a mão e os anéis. Campinas, Editora da UNICAMP, 1999.

Querino, Manuel. Costumes Africanos no Brasil. Recife, Editora Massangana, 1988.

Rosa, Marcus Vinicius de Freitas. Além da invisibilidade – história social do racismo em Porto Alegre durante o pós-abolição. Porto Alegre, EST, 2019.

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Para encerrar o ano…

Para encerrar o ano, nada melhor do que comemorar o lançamento, on line e totalmente gratuito, dos três volumes de “Histórias do Pós-abolição no Mundo Atlântico” (vol 1, vol 2, vol 3), organizado por Martha, Hebe, Carolina Vianna, Karl Monsma e Beatriz Loner. Fruto de um seminário com o mesmo nome, organizado em maio de 2012, a obra tem como objetivo aprofundar os estudos sobre experiências de ex-escravos e seus descendentes entre a abolição e os dias de hoje. Os textos procuram investigar os processos de racialização ligados à memória da escravidão em seus aspectos econômicos, políticos, sociais, identitários, culturais e educacionais. Complementarmente, buscam investigar as estratégias de recriação das práticas culturais e das formas de organização dos descendentes de africanos escravizados nas Américas.

O primeiro volume enfoca variados projetos políticos e questões de identidade; o segundo, as experiências ligadas ao mundo do trabalho e a luta pela liberdade, e o terceiro – cultura, relações raciais e cidadania – preocupa-se com dinâmica cultural em seus mais variados aspectos.

Os 3 volumes são um exemplo contundente da consolidação de um novo campo de estudos sobre o Pós-abolição no Brasil. Se pode ser relacionado diretamente com o período escravista nas Américas e seu legado, a prioridade para o Pós-abolição chama a atenção para novas questões, envolvidas diretamente nas disputas sobre as memórias do cativeiro e pela própria escrita da história da escravidão e abolição, sem deixar de levar em conta a reconstrução das hierarquias raciais e lutas antirracistas ao longo dos séculos XX e XXI.

Torna-se evidente ainda que as pesquisas agora reunidas em 3 volumes constituem uma importante contribuição para a revisão da história do negro no Brasil e, nesse sentido, fazem parte de ações de reparação, que visam contribuir para o fortalecimento das “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana”.

Por fim, com essa obra, também fazemos uma homenagem à historiadora e amiga Ana Lugão Rios, que finaliza, com texto inédito e surpreendente, o volume 1. Ana foi pioneira e grande mestra nos estudos sobre o Pós-Abolição no Brasil. Aliás, a proposta de um seminário do porte que organizamos em 2012 havia sido ideia sua, ao lado de Karl Monsma e Beatriz Loner. Suas reflexões continuam bem vivas e abrindo novos caminhos para todos nós.

Neste final de 2014, encerramos hoje nosso blog, felizes por termos levado até o fim nossa iniciativa. De inicio, devemos confessar, as dúvidas eram grandes e o medo do cansaço também era significativo. Prometemos voltar em 2015, mas depois de renovarmos nossas energias, até depois do carnaval.

A todos que nos acompanharam, nossos votos de Boas Festas e de um feliz 2015!

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